_Cecília, não há nada no labirinto. Vamos, abra essa janela! Está escuro demais aqui!
  A irmã até tentou abrir, mas parou em frente à janela, trêmula, dado o nervosismo. Compadecida, Júlia atravessou o quarto, escancarando de vez a janela e abrindo as cortinas. Cecília, em um sobressalto, cobriu os olhos com as mãos pequenas.
_ Ceci, não te entendo. Você aqui preferindo essa escuridão, com tanta luz lá fora. Vamos, olha pra fora! – e com força, Júlia colocou a irmã sobre o parapeito. Por um instante, ela mesma se perdeu olhando a paisagem. Era incrível que uma mansão daquele tamanho tivesse custado tão pouco. Tantas árvores, tantos pássaros... e ainda a diante, erguia-se um labirinto, com pedras e plantas fartas. Abandonado, mas ela gostava daquele ar sombrio. Além disso, ficou imaginando como ficaria lindo restaurado...
_ Não, Ju, não! Não é seguro ficar olhando! – Cecília saltou para a cama, cobrindo os olhos novamente.
   Nesse momento, Luíza, a mãe, falava no telefone, checando detalhes do resto da mudança. Entrou no quarto, pegou uma lista e saiu logo em seguida, sorrindo para as filhas.
_ CECÍLIA. – disse Júlia, ao ver a mãe sair – Eu sei que é difícil se mudar. Mas vá por mim, NÃO HÁ NADA NESSE LABIRINTO. Você deve ter ouvido esses vizinhos doidos, só que lembre-se: o que eles contaram a você foi uma HISTÓRIA. Não é real!
    Cecília ouvia, mas continuava com os olhos cobertos. Júlia, esgotada, atirou-se sobre a cama, dando suspiros de impaciência.
_ Ju, não foram os vizinhos. – disse a irmãzinha, minutos depois. – Eu senti.
_ Sentiu o quê, sua doida?
_ A presença...
_ Ora, pelo amor de Deus! Não sei por que eu ainda insisto com você!
   Triste, Cecília olhou para a irmã, o mais profundamente que conseguiu.
_ Ju, não quero que ele te pegue...
_ Cecília, maninha, NADA, NEM NINGUÉM, VAI ME PEGAR, OKAY?

  E bufando, saiu no quarto, internamente preocupada com a saúde da irmã.