Não há luz sem escuridão.
O labirinto era maior do que Luíza imaginava. Folhas cresciam volumosamente nas paredes de pedra, que tinham uma altura que impedia qualquer visibilidade em busca de se localizar melhor. Olhou no relógio de pulso, que marcava 18h30. Mais de quatro horas que Júlia havia dado sumiço. Pensou se era melhor procurar a polícia, mas não acreditava que a filha estava longe - era uma menina curiosa desde sempre. Cecília não desgrudou por um segundo da mãe, e ao som de qualquer folha caindo, tapava os olhos de susto.
Alguns passos e a indecisão era constante. Direita ou esquerda? De qualquer forma, ela sabia que era ainda mais incerto o lado que Júlia escolheu para ir. Pegou o celular. O sinal ali era terrível. Da mesma forma que mais cedo, naquele momento era impossível ligar para o celular de Júlia. Caminhou pela esquerda, o labirinto era cheio de curvas, mas de repente se viu diante do mesmo lugar e da mesma situação. Ou seria diferente? Seguiu à direita e, novamente, em poucos minutos de caminhada, ali estava ela, em um lugar idêntico.
_ Ceci...
A filha, mais calma, entendeu a ideia da mãe antes mesmo de ser exposta por completo.
Com força, Cecília foi levantada aos ares, até apoiar-se na primeira parede. Do alto, o plano era que ela tentasse ver algo de cima. Para alívio da mãe, Cecília já não tremia da mesma forma, mas ainda tinha medo e permaneceu no alto por um curto instante.
_ Mamãe... Tem um caminho ali do lado!
Luíza coçou a cabeça. Não havia entradas para o tal lado. Apenas paredes. Abaixou-se e explicou à filha o que fariam.
_ Não, não! Eu não vou primeiro!
_ Você pode sentar no muro, depois eu te pego! Mas eu tenho que te colocar ali em cima, Ceci.
A menina fez expressão de repulsa à ideia.
_ Ceci, você não quer encontrar a Ju?
De súbito, Cecília aceitou a proposta, então chegou em cima do muro e esperou pela mãe. Mal Luíza alcançou o alto, quando de repente, em uma fração de segundos, viu um vulto puxando Cecília para baixo. A filha gritou de pavor. A mãe, desesperada, jogou-se de cima para o outro lado, encontrando a menina paralisada diante de uma pessoa.