Não há luz sem escuridão.
Luíza estava bastante confusa e começou a ficar assustada com toda aquela situação. O lugar era desconhecido e sua filha já deveria ter dado sinal de vida. Não seguiu Aurélio, porque não confiou em segui-lo. Um homem visivelmente descontrolado, procurando por sua esposa e ela, mãe, controlada, mas perdida, com uma filha criança assustada e uma adolescente desaparecida. Parou em uma curva, achando que era ilógico aquilo tudo. Ficou pensando no tal “miolo” que Aurélio havia dito para acharem. O vento começou a bater forte e gelado, Cecília encolhia-se num misto de medo e frio. Mas mantinha-se ao lado da mãe, certa de que deveriam encontrar a irmã.
_ Mamãe, eu sei o que é miolo. – disse ela, depois de ler a expressão da mãe – e é lá que ela deve estar.
Luíza abaixou-se para ouvir a filha melhor, olhando em seus olhos na tentativa de transmitir segurança. Mas naquele momento, era a menina que transmitia mais.
_ O miolo é o meio do labirinto. Como naqueles joguinhos de cobrinhas... Se conseguirmos chegar lá, vamos achar uma saída. É a recompensa de quem chega...
_ Como sabe disso tudo? – questionou Luíza, levantando-se pronta para mais uma caminhada.
_ Eu vi em um diário antigo, dos antigos moradores. Achei em casa. Os que morreram aqui. Foi uma coisa, a esfinge, que os mato...
_ Já chega com isso, tudo bem? Temos que seguir os caminhos mais “encaracolados”, como disse o senhor Aurélio. Ele vive aqui há anos. Deve saber o que diz, pelo menos sobre isso. Vamos logo!